segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

É PRECISO OLHAR O FUTEBOL FEMININO COM OUTROS OLHOS

O início da prática do futebol feminino no Brasil começou com muitas dificuldades e os mais variados problemas, e muitos continuam até os dias atuais. As mulheres sempre tiveram dificuldades em se impor quando o assunto trata de igualdade entre os gêneros, pois na história sempre foram vistas como um ser frágil , e em muitas vezes inferiores aos homens.
As poucas condições que essas atletas possuem hoje são resultados de muitas lutas e mudanças que unidas resultaram na questão da atual. E é exatamente isso que precisamos e devemos discutir. A conquista de um espaço coloca a mulher em quase todos os esportes em igualdade, apenas respeitando as diferenças que existem entre os gêneros. Porém, por que no futebol isso deveria ser diferente?
Apesar da influência significativa que o futebol tem na cultura brasileira, a figura da mulher se apresenta de forma tímida e oprimida, como comprova o Decreto-Lei 3.199 de 1941, vigente até 1975, que para as mulheres proibia a prática de futebol. Quando as mulheres resolveram "brigar" por igualdade e se agregarem ao futebol, este esporte já estava bem firmado pela sociedade machista e se encontrava em uma fase que o profissionalismo já havia sido aceito. Portanto, o futebol era visto como um esporte determinantemente masculino, "futebol é coisa para homem", devido à postura que os atletas deveriam assumir:
A história do futebol feminino, porém, mostra-se inversa à do masculino. Quando implantado, o futebol masculino pertenceu exclusivamente à elite ( Revista Nossa História, 2006, p. 50), devido os recursos financeiros que eram requisitados para a sua prática, por falta de materiais específicos entre outras causas. Mas com as mulheres ocorreu o oposto: o grupo feminino sempre pertenceu às classes desfavorecidas.
Um dos primeiros registros da atuação da mulher foi em 1921, entre as senhoritas tremembenses x senhoritas catarinenses. A partida foi anunciada no jornal A Gazeta como atração curiosa das festividades de São João. Pouco tempo depois o futebol feminino chegou a ser exibido em circos, como atrações de curiosidades.
Voltando um pouco na história pode-se encontrar indícios de que a prática de esporte tinha domínio masculino, como comprova o Decreto-Lei 3.199, de 1941, vigente até 1975, que, em seu artigo 54, estabelece que "às mulheres não se permitirá a prática de desportos incompatíveis com as condições de sua natureza". E, em 1965, o Conselho Nacional de Desportos delibera que as entidades desportivas devem seguir a seguinte norma em relação à prática esportiva das mulheres: "Não é permitida a prática de lutas de qualquer natureza, futebol, futebol de salão, futebol de praia, pólo, halterofilismo e beisebol". Hoje, essas normas não têm validade, mas ainda há muito que mudar.
Hoje ainda não é possível afirmar que as dificuldades daquela época foram vencidas. Isto considerando que a sociedade ainda (mesmo que a idéia esteja começando a mudar) discrimina a mulher que mostra um interesse na prática . Pode-se afirmar esse fato através de análises feitas no campo sociológico.
Enquanto não há um reconhecimento por parte da sociedade, algumas mulheres vão se envolvendo com o futebol por caminhos diferentes, sem necessariamente precisar ser atleta:
Desde o princípio o futebol feminino tem sofrido muitos preconceitos. Ainda hoje é muito difícil para esse esporte se firmar, visto que não há instituição responsável por administrar a modalidade no Brasil.
Por muito tempo, a questão do sexo tem sido usada para impedir a participação feminina nos esportes. Disfarçando o preconceito, um discurso de que é uma forma de preservar a feminilidade.
A mídia também tem um pouco de culpa na situação atual, uma vez que não tem dado importância à atleta feminina tanto quanto ao masculino, e quando abre uma exceção, acaba enfocando a beleza da mulher, o "corpo", a questão da sexualidade, e não o esporte em si.
Enquanto a mentalidade da sociedade não mudar, as mulheres sempre terão dificuldade em conquistar seu espaço. "Não é a identidade feminina que requer reconhecimento, mas sim a condição das mulheres como parceiras plenas na interação social" .

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